"ERA UMA VEZ…UM PORTUGUÊS DE PORTUGAL"

“Camões desconfinou Portugal no século XVI e continua a ser para a nossa época um preclaro mestre da arte do desconfinamento. Porque desconfinar não é simplesmente voltar a ocupar o espaço comunitário, mas é poder, sim, habitá-lo plenamente; poder modelá-lo de forma criativa, com forças e intensidades novas, como um exercício deliberado e comprometido de cidadania.” (José Tolentino de Mendonça)
Comemora-se, este ano, o V centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões e, volvidos cerca de 500 anos, é assombrosa a sua modernidade, a sua visão globalista do mundo, baseada no encontro entre diferenças. Como afirma Jorge de Sena, “Camões é um poeta do futuro, (…) um expoente de universalidade”. Figura cimeira da Literatura, representativa da identidade nacional, deixou-nos um legado que é património do nosso povo e da Humanidade. Conhecer e valorizar a sua obra é a melhor forma de o celebrarmos e, simultaneamente, de adquirirmos uma melhor compreensão do nosso passado, das nossas raízes, de nós próprios.
Neste sentido, alunos e professores dos 2º e 3º ciclos do Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego, no âmbito das Práticas e Experiências Artísticas (PREART), durante o 1º semestre, dedicaram-se a um trabalho empenhado sobre Camões e, na sexta-feira, dia 24 de janeiro, levaram ao palco do Teatro Ribeiro Conceição e à comunidade, um pouco da intensa vida e da grandiosa obra de uma das vozes mais expressivas da Língua Portuguesa.
Nesse espetáculo, foi evocado o Camões lírico, mas também o épico, que cantou, de forma sublime, o povo português e uma viagem poética que nos leva até África, Índia… E foi de lá, com um olhar externo, que Camões viu Portugal. Precisamos de sair de nós para nos vermos.
da sua vida e da sua obra, que espelharam perigos, vitórias, tragédias, conquistas de uma viagem de gente ousada, destemida, num processo de reconhecimento da nossa identidade, que simboliza a caminhada de um povo no passado, chão do presente e projeção do futuro.
Dessa viagem ressaltam-se alguns quadros:
1 - Batalha de Ceuta (9ºF);
2 - Episódio do Adamastor (9ºF);
3 - Consílio dos deuses, tempestade, intervenção da deusa Vénus e chegada à Índia (9º D);
4 - Ilha dos Amores (9º D);
5 - Gruta de Patane (9ºB);
6 - Naufrágio no rio Mecom, Morte de Dinamene e salvamento de “Os Lusíadas” (9ºB).
O evento desenvolveu-se e contou com a articulação entre as diversas formas de arte trabalhadas nas Práticas e Experiências Artísticas (PREART): 100% a Cantar; 100% a Tocar; Artes&Ofícios: desenho e pintura; Artes&Ofícios: escultura; Movimento/Coreografia/Dança; Expressão Cénica/Teatro; Meio (Ano) a Cantar; Meio (Ano) a Tocar; Artes&Ofícios: modelagem; Let´s Dance!; Teatralizando; e Artes de Palco.
Todos fomos convidados a embarcar nessa viagem e a apreciar “o engenho e arte” desses jovens marinheiros que “navegaram por mares nunca dantes navegados”, enfrentando desafios, vencendo tempestades, para concelebrarem, com a comunidade, quem nos deixou tão inestimável legado e exaltou o valor da coletividade e do espírito comunitário.
“Quem não sabe a arte não a estima” (Luís de Camões)
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